Prenúncio
Bastou uma frase incompleta
De um assunto indesejado
Pra apertar meu coração
E o deixá-lo desolado
E parece que eu já esperava
Falar sobre isso a qualquer momento
Só eu que não via o quanto negava
Pra mim mesma o tal sofrimento
Pensar sobre o fim me fez muda
Ainda que por dentro eu quisesse gritar
Mas de que adiantaria a essa altura
Tantas palavras insistir em calar?
Os meus olhos são bons nisso
Chegam às vezes minha boca desmentir
Eles entregam meu sofrimento
Me enudece sem me despir.
Eu adiei esse momento
Mas que boba protelar
O que era certo, certamente
Por um tempo tentei congelar.
Mas o calor do sentimento
Fez derreter todo o gelo
Parecia ter prazo de validade
Mesmo cuidado com tanto zelo.
De repente a gente se despede
Sem pensar no tempo que vai levar
Pra nossas almas entenderem
O vazio que vai ficar.
Os nossos corpos já sabiam
Já aceitavam tamanha distância
Porque no amor que a gente vivia
O toque não tinha toda importância.
O toque que existia entre nós
Era um fato quase sagrado
Só se fazia acontecer
Num momento apropriado.
Mas a gente se tocava
Mesmo sem ninguém perceber
Numa troca de olhares
Fazia o amor reviver.
E era toque de verdade
Daquele de arrepiar o ser
Mesmo a metros de distância
Fazia a chama acender.
Mas olha eu dispersando
Falando de amor, coisa e tal...
Era pra ser o relato de um drama
Em que ele morre no final.
Talvez seja assim mesmo
Que acontece em todos finais
Os atores se perdem no caminho
Mas o amor não morre jamais.