Querendo falar de ti
Entre linhas, na sombra da tinta,
entre tudo, tudo flutua;
suspensa a vida, poeira de rua
para um instante, gravado fica.
São palavras que a tinta inventa,
que sopram a brisa, se erguem do chão,
envolvem as estrelas, se despem na amplidão.
São poemas nus, desfeitos,
sem alcovas, sem assentos,
dos murmúrios, os lamentos,
nas lágrimas, sonhos afeitos.
São rútilos flutuantes,
beijos às tintas rendidos,
mais estrelas salpicadas, brilhantes.
Ah, ilusório tema hipotético,
poder desfrutar do espaço com poemas,
criar um céu só de vocábulos,
despejando uma cortina de versos.
Apenas lamento pela falta de abrigo,
pelo espaço a tinta flutua,
baila, baila sem rumo, pende,
perdendo-se na poeira da rua.
Entre linhas, na sombra da tinta,
entre tudo, tudo flutua;
suspensa a vida, poeira de rua
para um instante, gravado fica.
São palavras que a tinta inventa,
que sopram a brisa, se erguem do chão,
envolvem as estrelas, se despem na amplidão.
São poemas nus, desfeitos,
sem alcovas, sem assentos,
dos murmúrios, os lamentos,
nas lágrimas, sonhos afeitos.
São rútilos flutuantes,
beijos às tintas rendidos,
mais estrelas salpicadas, brilhantes.
Ah, ilusório tema hipotético,
poder desfrutar do espaço com poemas,
criar um céu só de vocábulos,
despejando uma cortina de versos.
Apenas lamento pela falta de abrigo,
pelo espaço a tinta flutua,
baila, baila sem rumo, pende,
perdendo-se na poeira da rua.