Visão



Ponto centro negro em desalinho,
Fixo, passo, apenas vegeto,
alheio ao tenro, puro, sagrado,
vicejo sem cores, imbuído ao descaminho.
Ponto neutro, crú, insípido,
fornalha explosiva em desencanto,
punge, açoita, se rebela
diante do mundo que ama tanto.
Traço efêmero, esperança remota,
da luz pendente pelo vão da porta,
ponto centro negro em desalinho.
Febre, ruge no peito espanta,
a taça erguida ao ar se agiganta,
brinde ao seio do amor que enobrece,
na angústia o esteio ponto centro.
Sem clarins, sem toques recolhe,
o pendão das cores sem remorso deixa,
apenas ressoa pela noite adentro,
um grito estúpido, boca em queixa,
ao ponto centro negro em desalinho.