Passei em branco

Nada posso resgatar da vida que me escapa,
que se vai sem marcar presença.
Nada recebi pela passagem pálida,
todas as tentativas foram vãs,
apenas pude ver o tempo sendo levado.
Também não contive os poucos,
os pequenos trechos de felicidade.
Apenas percebi desencontros,
fatídicos lances de angústia.
Tudo foi passando,
consumido pela válvula do tempo.
Guardo os lamentos finais,
reclamos soltos pelo vento,
ressábios pela constante dose de mágoas.
Estou passando, abraçado a poeira flutuante,
sem razões, motivos efêmeros,
pausas de felicidade.
Estou traçando a vida
sem pendões e nada a resgatar,
se não fui notado, não deixo vestígios,
e muito menos deixarei saudade.