Confesso

Em traços, marcas, rastro pelo chão,
em tantas deixei marcas.
Nem tantas, bem poucas
ficaram quase loucas,
quando ao suspiro da tarde,
me viram sumir pela noite.
E nas bocas o beijo preso,
silenciado pelo dorso ao abraço,
ficou apenas um seguinte passo,
um adeus breve sem demora.
Já distante se faz o tempo,
pela saudade de neve cobre,
e no peito suga febril e nobre,
padece de solidão sem ver o retorno
de tantas que bem poucas foram,
aquelas que com suave contorno
de bocas nascidas para o beijo,
tiveram presas em meu leito o corpo,
aflorando pelos poros o desejo,
buscavam na transparência dos lençóis,
envolto em cobertas, minha presença.
Tudo foi o ontem,
hoje, as marcas estão em mim,
em minha saudade, em meus cabelos,
em minha preces, nos sonhos, nos apelos
e na espera, uma inquieta guarda pelo fim.