Andrajos

Se em vez de amor te lançarem impropérios,
consola-te, pois em mim jogaram pedras.
Se as portas te fecharem
e ao relento te deixarem,
lembra-te que a mim puseram sob a neve.
Se ruidosamente te alvejarem com estilhaços,
saiba que de mim fizeram em pedaços,
sem crenças, sem amor pelo semelhante.
Se o mundo se turvar a tua frente,
curva-te de felicidade,
pois para mim, ele ficou negro.
Mas, se sentires falta de carinho,
de um grande amor,
retomes pelo mesmo caminho,
e a margem da vida me encontrarás
ainda o mesmo de ontem,
que hoje te rabisca em versos
pelo amanhã, sem saber se voltarás.