Sabor de gente

Ontem fui um fragmento,
esquecido por mim em confusas,
hipotéticas relações insolúveis.
Selecionei nas coleções de dissabores,
fendas pausadas de luz efêmera.
Relacionei motivos quase vagos,
pelo menos os relacionei!
Foram medíocres as pautas realísticas,
medidas pelas tábuas transcritas
nos primórdios de Moisés.
Hoje... hoje o que foi recolhido senão
o semeado em terra agreste,
cultivado pelo mesmo dissabor.
E o amanhã sei que há de vir,
então, apenas mais um transeunte
ofuscado pela multidão de hipotéticos,
fragmento de pó, poluindo o espaço
sem o pudor de ser confesso, um desastrado,
mas... livre e soberano em expectativa.