Meu sangue

Tentei deixar algo de mim
que fosse recebido por alguém.
Tentei, mas nada pude fazer,
tudo escapou, se fez em fuga,
até as pequeninas coisas se perderam.
Meu desabrochar veio cedo,
paulatinamente cresceu, e se foi.
Hoje a neve salpica meus cabelos,
e nada fiz.
Procuro em vão a causa, a raiz
de tanta impossibilidade.
Me vejo acuado pelo tempo que avança;
os momentos se escoam.
Não sou o mesmo, sei,
mas inda tenho presa a rude,
a febril vontade de planificar,
de construir e sentir os efeitos
daquilo que tanto tentei deixar,
como símbolo de minha virtude.