Dom Quixote e Oráculo de Delfos
Eu escreveria um livro com tudo
o que você não sabe sobre os ritos do amor,
seria um belo petardo, embora
(para efeito da modéstia) incluísse tudo
o que não sei sobre ritos pós-cama
e declarações apaixonadas.
Seria um belo livro.
Teríamos uns leitores fanáticos,
alguns estabanados, outros desastrosos
e outros sensatos.
Não seríamos best-seller, claro,
mas deixaríamos o sentimento
em evidência, deixá-lo-íamos provar sua vitalidade
e, independente do resultado, estaríamos no camarote
erguido pelos escroques.
Você, querida, continuaria com essa doçura no olhar,
essas mãos suaves e este cabelo sedoso
em meu encanto e desvario.
Eu ainda seria o paladino de capa, espada
cavalo e greva e a solidão, invés de inimiga,
seria meu Oráculo de Delfos
e ditaria as rotas do combate.
Não te diverte essas ideias?
Não te diverte tais devaneios?
Acha mesmo que vacilo?
Que estou esparramado no excesso?
Querida, você não sabe como é doce pecar pelo excesso.