POEMA DE AMOR
Em que os brônquios
fechados já expelem o sangue
e tu me beijas,
com o fôlego dos namorados.
Narinas vazadas por secreções
às tormentas febris,
delirantes.
Nós dois,
enquanto
moribundos amantes,
aliviamo-nos às salgas dos catarros,
exalados por nossas anêmicas cavidades
e orifícios faciais.
A proeza de morrer amando,
não nos privilegia às tragédias
deste triste mundo.
Ah,
se copular
fosse possível
aos defuntos!
(RODRIGO PINTO)