ÔNTICO
Desejei não querer-te tanto assim,
mas meu eu poético não me dá
descanso.
Como num livro, folhas separadas
numeradas, sequenciais ambíguas
de conotações .
No meu gozo, desesperado e triste,
dançarino solitário, espera a dança
repulsiva da morte
Sedutora implacável, pelo dialogo
também seduzida, pelo belo poeta
flexível
Contraste da vida, do belo e feio
a conquista por ter, como num
jogo, o ganhar
Sentimentos traiçoeiros a ludibriar
o delicado, que se atropelam no
instinto humano.
Sutilezas que não tem negociações,
eu poeta medroso tento barganhar
o inegociável
Suplicando desafiadoramente, para
que não me esqueça, sabedor de que
isso jamais acontecera
Nessa dança o amor se preserva ,em
um fim ôntico, solido nas eras do
tempo
Despidos das cascas dos medos ,em
entrega de almas diferentes, dirás
humanas
Eu direi, verbal, poética, libertadora
no seu auto flagelar, de um tardio
conhecimento
Adele Pereira
26/03/20