NOSTALGIA
Eu sinto o peito opresso e sufocado
Nesta angústia de amar-te docemente
Tenho visões de céus... sonho dourado
O suster-te nos braços fortemente!
Ora mergulho no amor que me inebria...
Como a onda do mar gemendo à praia...
Sinto no peito febre intensa... esfria...
Como a onda do mar deixando a praia...
Qual ciclone que fere e que devassa...
Tudo é calma, passou tão de repente
Deixando a destruição por onde passa
Assim ficou-me a face bruscamente...!
– Olha, meu amor! Contempla o meu retrato!
Compara um com outro – o novo e o antigo...
E vê que já me falta o brilho inato...
Pois as rugas já mudaram teu amigo...!
Foi o tempo que passou em curto espaço
Forçado pela angústia da impaciência
De amar-te e ser, todavia tão escasso
Suprimir para sempre a tua ausência...!
(Rio Grande-RS, 1950)