SINA

SINA

Ah,

como seguro essa mulher?

Ela some no mundo,

com qualquer vagabundo;

depois retorna

desidratada,

drogada,

alcoolizada,

aliciada,

alijada,

chapada,

abandonada,

suplicando-me o colo,

como o de um pai à filha.

Menina

novinha!

Vale-se de sua pós-adolescência

(infância tardia!)

Gasta as minhas reservas

com maconha,

ácido,

émedê

e cocaína.

Ah,

Como me livrar dessa mina?

Não sei se me ama ou me odeia!

Ela,

no terreiro,

me esbofeteia

quando incorpora à pomba-gira,

ou talvez

o espírito mediterrânico da pitonisa,

tíade,

ninfa,

puta das antigas

(maravilha helenista!)

Vide o amor

dos meus resgates,

do meu karma.

Minha sina.

(RODRIGO PINTO)