MORENINHA...

Ó! Como és linda morena

E dona de uns olhos tais

Como gentil açucena...

Encantando a vida vais

E eu busco-te tão sozinho

Num caminhar sem fadigas

Como um pássaro sem ninho

Cantando canções antigas

Vejo-te triste e saudosa

A sonhar não sei com quê?

Como a musa lacrimosa

Que a gente busca e não vê...

Vejo-te pura, donzela...

Mas Ai...! falta-me a poesia

Já não canto amores. Ó! bela

Mas canto a minha agonia...

Ó! Que cabelo sedoso

E tão docemente caído

Que talhe mais majestoso

De passarinho perdido...!

Olhos tão negros brilhantes

Como dois lumes acesos!

Dois faróis de navegantes

Onde meus olhos vão presos...

Que boca bem recortada

E cheia de meigo mal...

Que desejo sinto, amada!

Ao ver-te tão sensual...

(Rio Grande-RS, 1945)

Attilio dos Santos Oliveira
Enviado por Attilio dos Santos Oliveira em 23/03/2020
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