MORENINHA...
Ó! Como és linda morena
E dona de uns olhos tais
Como gentil açucena...
Encantando a vida vais
E eu busco-te tão sozinho
Num caminhar sem fadigas
Como um pássaro sem ninho
Cantando canções antigas
Vejo-te triste e saudosa
A sonhar não sei com quê?
Como a musa lacrimosa
Que a gente busca e não vê...
Vejo-te pura, donzela...
Mas Ai...! falta-me a poesia
Já não canto amores. Ó! bela
Mas canto a minha agonia...
Ó! Que cabelo sedoso
E tão docemente caído
Que talhe mais majestoso
De passarinho perdido...!
Olhos tão negros brilhantes
Como dois lumes acesos!
Dois faróis de navegantes
Onde meus olhos vão presos...
Que boca bem recortada
E cheia de meigo mal...
Que desejo sinto, amada!
Ao ver-te tão sensual...
(Rio Grande-RS, 1945)