Abraços que chegam
Não é tão sombrio assim
Isolar-se socialmente
Afinal
Quase sempre estamos
Quando seguimos com fones de ouvido
Quando seguimos sem partilhar
Sem ver
Sem participar
Quando penso em ti
Oh, rua!
E por telas te vejo e escuto
Se fico dentro do muro
Que eu mesma construí
Trazendo para cá coisas importantes
Movimentando móveis para lá e para cá
Vejo-me com mais calma no espelho
Espanto com o riso fácil e brilho no olhar
Santa esperança
Ainda reina
Sinto todo mundo perto
Estou aqui, revendo meus atos
Minhas palavras
Fragmentando-me
Para que cada parte chegue aí
Fragmentando-me nestes dias
Que sofrimento haveria
Ter que conviver consigo mesmo?
Ensaiando ao som da empatia
Oh, adorável rua!
Adoráveis livres passos
Aonde meu corpo encontra outros corpos
Aonde materializo o virtual
Aonde podemos dividir bancos
Apertos de mãos
Gostamos mesmo de estar perto
Este gostar é tão quente
Que meu abraço
Pode chegar aí