O amor

O amor se sentou

no batente de limo visguento

da escadaria do Teatro

e comeu chocolate.

Como se lambuzava

ao lamber os dedos marrons...

Eu achei que o amor

já não se prestava

aos apelos de antes.

Queria um tempo de açúcar e nostalgia.

O amor não queria mais existir.

Sobrou nos degraus:

o alumínio,

o papelão que reveste a barra (aparato do homem)

e o tempo moderno que,

esbaforido,

tomou sua deixa

no estrepitar do segundo ato.