CELEBRAÇÃO e PRAZER

Eu afiava os dentes nos ossos dos dragões,

pintava o rosto com o sangue das bruxas,

durante os milênios do nosso amor

desejei no impossível o cotidiano das paixões sem fim

A morte nunca foi problema, mera escrava

dos nossos caprichos, vinha de joelhos

colher os suor dos nossos sexos,

único elixir que os guerreiros bebiam

Anjos (ah! os anjos! mistério e bulimia enfeitiçam

até o porvir dos futuros-impróprios

aos doentes de espírito) Os efeitos de uma

semelhança pitoresca, não refletem nossas caretas

Mas retornando ao campo de batalha,

pisei com infindável gosto a tumba dos reis primitivos

e descrentes, porque nossa linguagem não é dos meros viventes, nossos sonhos concretos derrubam castelos,

lâminas de um desejo que os deuses marcaram

no fogo dos cometas, metálicos como o pedido

dos moribundos e das crianças anárquicas

Não é para menos, nossos cães venerados feiticeiros,

guardam os corpos para que apenas no banquete louco

da magia genética possamos desembainhar celebração e prazer,

eternos e famintos