Papel de bala
Coberta pelo negro da noite quente e cúmplice
Com a aprovação do sorriso incentivador da lua
A menina, escondendo os olhos nas sandálias,
Recebe, tímida, com mãos trêmulas e suadas,
O papel de bala com o insinuante nó
A respiração acelera e as faces se enrubescem
Sorri para o chão, com desejo e sem coragem
Prende-se na luz do poste refletida na calçada
Apertado, molhado no calor das mãos nervosas,
está o papel de bala com o convidativo nó
Ela sabe decifrar a senha, todos sabem
Se não soubesse, aquilo seria só um invólucro...
Mas está enlaçado... ah, esse lindo lacinho!
Da mão esquerda à direita, da direita à esquerda,
passeava o papel de bala com o atrevido nó
É uma encruzilhada esse nó... O que fazer?
Num relampejo de bravura, ergue os olhos
A malícia no sorriso acovarda o amado
A noite os encoraja, lábios se aproximam
E o papel de bala envolve o primeiro beijo