SINGELEZA
Quando havia singeleza
bastava uma flor nos cabelos
pra moça derramar beleza.
E corações aos atropelos
olhavam essa moça passar
E no corpo, pra perfumar,
ela passava água de cheiro
que deixava perfume no ar.
E queria que o primeiro
que sentisse aquele cheiro
fosse o belo vaqueiro
que vivia pra trabalhar.
Vestido que seu corpo enfeitava
era pro moço olhar e pensar:
Ah! Se eu pudesse eu tirava
esse paninho bonito
que ela tira quando lava
o corpo que, está escrito,
um dia irá me aceitar.
A vida seguiu seu caminho
sem ninguém nada obrigar.
E o que estava escrito
era destino bendito:
a moça do corpo cheiroso
e flor nos cabelos,
de um jeito muito singelo,
se deu ao vaqueiro garboso
e ele, agora, fica em casa
e quase nem quer trabalhar.