ESCRITORA PREDILETA
Gosto do jeito como escreve, como descreve espaços, diálogos,
No fundo, tem muito de você, nada que surpreenda, com venda
Ou sem, reconheceria figuras de linguagem, seus personagens
Tão ricamente construídos, nada além do que descobri em você.
Não dá para negar o que somos, como estamos, se precisamos,
Pode-se acrescentar a técnica, múltiplos recursos para encantar,
Mas, sem alma e identidade, não passará de outro texto, desses
Que se juntam ao cesto de roupa suja, esperando água e sabão.
Sei o porquê do romance, da música, de homenagens prestadas
Para os que permanecem e aos que se foram, são pensamentos
Que nos acompanham diariamente, sem o poder da dissociação,
Ficamos expostos, delicadamente detalhamos tudo que amamos.
Permaneço um idiota que escreve diariamente, como a conexão
Que não ocorre, como um fio de rio que escorre, morre na poeira,
Preso a cadeira, a tela espelha o vazio, o brio que não se rendeu,
Porque escrever é nossa arte, parte e habitante, instante, detalhe.