ESCRITORA PREDILETA

Gosto do jeito como escreve, como descreve espaços, diálogos,

No fundo, tem muito de você, nada que surpreenda, com venda

Ou sem, reconheceria figuras de linguagem, seus personagens

Tão ricamente construídos, nada além do que descobri em você.

Não dá para negar o que somos, como estamos, se precisamos,

Pode-se acrescentar a técnica, múltiplos recursos para encantar,

Mas, sem alma e identidade, não passará de outro texto, desses

Que se juntam ao cesto de roupa suja, esperando água e sabão.

Sei o porquê do romance, da música, de homenagens prestadas

Para os que permanecem e aos que se foram, são pensamentos

Que nos acompanham diariamente, sem o poder da dissociação,

Ficamos expostos, delicadamente detalhamos tudo que amamos.

Permaneço um idiota que escreve diariamente, como a conexão

Que não ocorre, como um fio de rio que escorre, morre na poeira,

Preso a cadeira, a tela espelha o vazio, o brio que não se rendeu,

Porque escrever é nossa arte, parte e habitante, instante, detalhe.

Sérgio Sousa
Enviado por Sérgio Sousa em 09/03/2020
Reeditado em 15/04/2020
Código do texto: T6884039
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