Quando o Vinho acaricia o Canson
Em silêncio
O papel Canson recebe
As carícias do vinho
As pinceladas em tons
De magenta e lilás
Tocam suavemente
As tramas... e inebriadas
Imagens surgem;
Pétalas, nuvens...
Nessa aguada de beijo
Pincéis são delicados
Remos de tintas
A navegar nos detalhes
Da folha, enquanto
O aroma dos vinhedos,
Aos poucos, evola,
Olho a taça com vinho -
Tênue paleta de cristal...
Faço uma pausa
Deixo a aquarela namorar
As cores, “beber” as macias ondas
Desse sedutor mar de vinho,
Enquanto a observo -
Sou parte dessa alquimia
Desse transmutar
Do encorpado líquido
Que desliza
Em uma gota
No canto dos meus lábios -
Aquece-me,
Ah, Saudade esculpida
Com os silêncios e rendas - sombras
Em mais uma madrugada...
***
Vinho Chileno que inspirou a aquarela e poema:
Carmenere 2019 (Concha Y Toro) desde 1883.