Criadoura
Como mel escorrego em teu corpo
Com teu cheiro banho-me a alma
Tua pele macia transborda a paz
E o seu sorriso me dilata.
Em meus lábios você predomina
Guia-me com teus pés almofadados
Leva-me a minha pureza
Me abrace e eu me entrelaço.
Ora, não me deixe em meio aos gados
Mais um de seu grande centeio
Eu que tanto lhe dei os cuidados
Sofro com esse desprezo.
Maldita sanguessuga!
Sou restos de um pobre homem qualquer
Traz de volta tua vida de jovem
Deixa comigo uma velha mulher.
Ajoelho-me a ti, oh senhora
Desça sem sujar os teus pés
Levo a tua carruagem
Nas costa de Nazaré.
Límpida, fácil navalha
Corta o laço de amor
Sobra um pouco somente
Dos frutos do qual semeou.
Pobre homem confiante
Tal deleitada maré
Levou para longe a esperança
Que ainda lhe tinha na mulher.
Flácido, frágil, insolente
Semeia os frutos ao chão
Também já faz-se a cova
Onde embrulhará o caixão.