Dias Assim
Em dias onde o sol já nasce a se pôr
E se pondo permanece até que o dia se finde.
Em dias em que a poesia torna-se mais sensível
E alcança uma cristalinidade ímpar.
Em dias onde os cheiros são mais intensos,
Os medos mais presentes,
As perguntas, incessantes.
Em dias onde a alma veste branco
E o branco ameaça receber
O nanquim de sentimentos controversos.
Em dias onde se vê, claramente,
As lágrimas das rochas.
Onde se escuta, perfeitamente,
O murmúrio e o gemido do mar.
Em dias onde os olhos perdem-se
No traço do horizonte,
Buscando entender,
Buscando enxergar
A linha que divide
O bem e o mal;
O pecado e a virtude;
O certo e o errado.
Em dias assim,
Torno-me ainda mais eu,
Eu a querer repousar
Na segurança do abraço teu.