14 PRIMAVERAS
Foram catorze primaveras, longas esperas, uns dias ruins, outros bons,
Embalados por sons, por lembranças que não quis sepultar, a morte dói,
Corrói o que temos de melhor e tudo ao redor, ainda temos um ao outro.
Sei tão pouco de você, isto não muda nada, uma caminhada mais longa,
Uma estrada que ainda não estava pronta, enquanto afronta uns medos
Que eu não quis enfrentar, por que protelar o tempo se posso amar mais?
Discutíamos propósitos, os caminhos, insólitos momentos tão marcantes,
Edificantes como a gentileza que educa, certeza de que nada foi em vão,
Um pão multiplicado alimentando multidões, momentos muito iluminados.
Não desisto, tenho visto o horizonte promissor, o ar totalmente renovado,
Escancarado um sorriso leve, breve história interrompida, humildes vidas
Com surpresas que estremecem fundamentos, eu ainda busco entender.
Já aprendeu meu número e todos meus atalhos, inúmeros pontos falhos
Que não cabe debater, enquanto adia, irradia uns raios do sol incipiente,
O corpo pressente sua chegada, comemora, olhos não sabem dissimular.