A delícia do meu próprio amor

vivo a delícia do meu próprio amor

vez e outra ainda escorrego

mas tropeçando, vou

sem medo das novas feridas

respeitando-me cada vez mais

zelando pelo meu carinho

guardando minhas mãos para quem as quer

mais revoltada do que já estive

e mais alegre ainda

alegria fruto dos dias cinzas

de quando procurei o amor fora

de quando achava que os outros bastariam

que alguém me salvaria

hoje, eu me salvo

me afogo, e impulsiono a volta

cuido de cada centímetro meu

de dentro

de fora

quando passo em frente ao espelho

percebo que meu sorriso é outro

é largo

é seguro

minhas lágrimas são força

água que rega minha terra

gosto de me ver chorar

meu corpo nunca foi tão bem tratado

minha pele nunca foi tão acariciada

minhas curvas nunca foram tão valorizadas

agora, pra me sentir

precisa ser muito

precisa ser mais

porque sozinha, eu me viro

e amores mornos não me interessam

convenço-me de minha capacidade

intelectual de refletir à vida

e ser dona e protagonista dela

na poesia desestruturada

vou traçando meu caminho

GSMG
Enviado por GSMG em 29/02/2020
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