navalha na alma

– olhos, dedos

bem atento

totalmente

concentrado

linha a linha

tiro o excesso

corto o duplo

encho a falta

desagrupo

ora junto

recoloco

e desloco

caem partes

involtáveis

entram novas

provisórias?

quando muito

complicado

os que veem

meu trabalho

olham tudo

bagunçado

uma dor

é inevitável

um desgosto

descritível

o processo

dói na alma

dói na alma

dói na alma

coração

na navalha

silencio

bebo água

lavo os olhos

limpo as mãos

e suspiro

e suspiro

e suspiro

e nos fins

lanço mão

dos sentidos

e harmonizo

suavizo

fio a fio

com um toque

mais moderno

logo após

eu espero

ter gostado

do trabalho

'que eu o amo

e o sofro

[sai de si

...

volta a si]

pois então

uso os olhos

uso os dedos

quem eu sou?

– cabelei'ro ou revisor?

– [silencia e sai de si]

Vittor Az
Enviado por Vittor Az em 26/02/2020
Reeditado em 27/02/2020
Código do texto: T6874821
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