Uma Biblioteca de Amores Mudos.
I.
Um fantasma me assombra, e persegue,
E seu sussurro ecoa em meu encalço.
Não existe suficiente escudo ou égide
Que me salve deste terrível cadafalso.
Esse assombro noctívago, esse maldito ravenã
Não é o ódio, nem a loucura ou a devassidão,
É coisa ainda mais perversa, controlada por satã;
É um sentimento que vem cá dentro, do coração.
É o amor! Essa maldição do abismo infinito!
É esse desejo de beijar-te e querer-te bem,
É sentir a tua falta, e querer estar contigo,
É sentir o que sinto por você
E por mais ninguém!
II.
Guardo por ti um carinho indescritível,
E queria para sempre estar em teu abraço,
Fantasio momentos com você, é quase risível:
Gosto de ti, mas então o que faço?!
E se não gostares de mim?
E se esse meu gostar...
Interromper nossa tão bela amizade?
A dúvida e o medo estão a me torturar...
Chego a me perguntar até
se te quero de verdade...
Alguém me diga: O que devo fazer?
Devo me declarar
e dizer que gosto de você
Arriscando perder teu afago de amiga?
Ou então asfixiar esse sentimento
Até que ele fique mudo, cá dentro
E se torne um daqueles amores
Sem cor, sem voz, sem alma,
E no entanto sem dores?!
Te amar ou te esquecer?
Eu já nem sei.
Eu deveria arriscar? O que farei?
Fingir que esse sentimento não existe?!
Esse simples pensar
me deixa tão triste...
Talvez você se torne somente um eco,
Somente mais um amor
que nunca aconteceu
E fique eterna, na antologia de amores
Nunca expressados
Que guardo dentro do meu triste eu!