Uma Biblioteca de Amores Mudos.

I.

Um fantasma me assombra, e persegue,

E seu sussurro ecoa em meu encalço.

Não existe suficiente escudo ou égide

Que me salve deste terrível cadafalso.

Esse assombro noctívago, esse maldito ravenã

Não é o ódio, nem a loucura ou a devassidão,

É coisa ainda mais perversa, controlada por satã;

É um sentimento que vem cá dentro, do coração.

É o amor! Essa maldição do abismo infinito!

É esse desejo de beijar-te e querer-te bem,

É sentir a tua falta, e querer estar contigo,

É sentir o que sinto por você

E por mais ninguém!

II.

Guardo por ti um carinho indescritível,

E queria para sempre estar em teu abraço,

Fantasio momentos com você, é quase risível:

Gosto de ti, mas então o que faço?!

E se não gostares de mim?

E se esse meu gostar...

Interromper nossa tão bela amizade?

A dúvida e o medo estão a me torturar...

Chego a me perguntar até

se te quero de verdade...

Alguém me diga: O que devo fazer?

Devo me declarar

e dizer que gosto de você

Arriscando perder teu afago de amiga?

Ou então asfixiar esse sentimento

Até que ele fique mudo, cá dentro

E se torne um daqueles amores

Sem cor, sem voz, sem alma,

E no entanto sem dores?!

Te amar ou te esquecer?

Eu já nem sei.

Eu deveria arriscar? O que farei?

Fingir que esse sentimento não existe?!

Esse simples pensar

me deixa tão triste...

Talvez você se torne somente um eco,

Somente mais um amor

que nunca aconteceu

E fique eterna, na antologia de amores

Nunca expressados

Que guardo dentro do meu triste eu!

Raul Brasil
Enviado por Raul Brasil em 21/02/2020
Código do texto: T6871438
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