O AMANTE DESCONHECIDO

Deposito flores

no túmulo do amante desconhecido,

esse que guardou em si

um descomunal amor

e que sofreu calado

por tempos a fio.

Deposito flores amarelas

como a covardia

do amante desconhecido,

esse herói de uma causa perdida,

esse cenobita da paixão.

Sua herança é um caderno

com poemas byronianos.

Eis o túmulo

do redivivo e novamente morto

Werther!

Prefiro dar a cara a tapa

a morrer assim.

Prefiro ouvir um não

que me liberte

e viver assim.

Eis o amante desconhecido!

Seus ossos enfeitam

o chão do cemitério.

Seus poemas são cantados

por perdedores iguais.