RETRATO DE UM AMOR

Ah esse amor!
Dos versos perdidos – indefinidos,
Dos sonhos mergulhados – afogados,
No mar da agonia,
Onde não há dia.

Ah esse amor!
Do (en)canto triste – persiste,
No corte – com acordes agudos,
Transpor o absurdo,
Daquilo que se chama dor.

Ah esse amor!
Que invade – queima,
Faz alarde – teima em me prender,
É dono do meu umbigo,
Sabe que eu não consigo,
Me refazer.

Ah esse amor!
Tela que eu mesmo pintei,
Como um retrato de Dorian Gray,
Traços do meu imaginário,
De um coração solitário,
Amor que eu tanto esperei.

Amor que virá?
...Não sei!