Voltar a Ser Criança

Da rede em que me balanço

De tudo já vi um pouco

Tantos e tantos imbróglios

Que já não os tenho mais na lembrança.

Eu sei, os escondi. Aqueles

Que me espantavam, negrumes

Pardos, enquadres e damas

Que o diabo me leve, mas não preso

numa cama.

E ai! Talvez eu me perca enfim

E sem ficar sem fala

Por me perder de mim

Que já passei da andropausa,

Mas estou aqui

E ainda não cai na vala.

E muito eu já vivi,

Mas agora só e pensando

Em tantos seios moles

Em gravuras multicores

Sempre a procura de amores

Mas não sei onde eu os escondi.

No alvor deste inverno

Negras me são as distâncias

Entre o que quero e o que posso

E em meio à ignorância

Fecho os olhos em uma prece

Se Deus me ouvisse eu pediria

Para voltar a ser criança.

alexandre montalvan
Enviado por alexandre montalvan em 08/02/2020
Reeditado em 08/02/2020
Código do texto: T6861435
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