POR UM TRIZ
 
Como o sol se põe na viração do dia,
Contemplo as águas do mar,
Quando as ondas estão mais calmas,
Beijando as bordas das areias.
Silêncio o meu gemido,
E arrasto os meus pensamentos
Ao encontro dos teus a transbordarem
O doce mel das nossas saudades.
 
A tua imagem reflete na minha
Imaginação, algo novo e belo.
Não há nada que possa impedir
As nossas lembranças.
Vejo os teus olhos ocultarem,
As sombrias tardes harmoniosas,
Os cantos orquestrados dos pássaros,
Dos encontros das noites entorpecidas.
 
O clarão da lua amacia o nosso ego,
Envolvida em meus braços fortes desejos.
Os mantos dos teus cabelos esvoaçam com os ventos,
Despindo a sua face teu rosto aformoseia.
O sorriso declara o seu amor por inteiro,
O que arde por dentro e toca-lhe o coração.
Por um triz a ânsia de estar perto denúncia,
E as tuas palavras soam como fortes furações.
 
Há se houvesse tempo para outros tempos,
Não haveria espaço vazio entre nós.
Quando a porta da sinceridade fosse aberta,
Seríamos os únicos a passarem por elas.
Não teríamos medo de nós mesmos sem razão,
Nem as flechas lançadas por terceiros poderiam
Atingir-nos e as maldades estariam fora do nosso alcance.
 
Há delicadeza e singeleza por detrás
Da mansidão dessa ternura.
São os gestos que bailam profundas
Presas iluminando todos os nossos dias.
É preservar a doçuras nos momentos
Agradáveis dos teus beijos.
Os aromas dos teus perfumes nos consomem,
Como pedras preciosas batizadas pelo nome.
 
Não há trilhas que não são mais belas
Quando estás comigo.
Caminhos revelados entre o encoberto
Em direção aos montes repousando as ilhas.
Céu aberto para que sentimos a sós,
Por sermos um do outro.
Onde as aves fazem acrobacias inacreditáveis,
E o tapete do mar azul reverencia as suas ondas
Indomáveis.
 
 Como caminhos sem rumos percorrem os andarilhos,
 Parece que somos peregrinos em busca da terra Prometida.
Vamos até aonde nossos olhos alcançam,
Como as águias com seus voos rasantes.
Que não se percam em nós a sensibilidade
De percebermos um ao outro e nem
Ressuscite aquilo que já está morto.
 
O bailar dos nossos olhos fortalecem
Em redobrar o ânimo e tocar sua pele.
Brota a vigor a coragem entrelaçando
Laços de amores á madrugada.
A espera especula o momento da entrega,
Na hora em que estás debruçada na janela.
O cortejo aproxima-se da cerimônia inicial,
Não se fala mais nada, ouvem-se sons angelicais.
 
As estrelas iluminam mais fortes salpicando
As aquarelas azuis de suas cores mais brilhantes.
O quarto se enche de amor e harmonia,
 E as cortinas dançam em meio à nostalgia.
As palavras florescem como campos verdejantes,
As mãos macias e perfumadas apalpa-lhe o rosto,
Os braços estendidos descansam sobre o meio do Corpo.
 
Nessa hora não há lei que vigora o esforço
Mútuo.
Não há relógio parado pelo menos um instante,
Nem pensamentos perdidos como antes.
 Que as trancas das desavenças sejam despedaçadas;
O fruto de nossas almas abençoadas.
O rio do nosso ser transborda de alegria e jovialidade;
Que o leito da nossa cama não seja tão deselegante.
 
Que a nossa caminhada não seja um
Campo minado.
Que a nossa trajetória de vida também
Haja vitórias e menos fracassos.
Que a nossa língua não seja para lançar
Farpas venenosas destruidoras.
Que sabemos viver entre o joio e o trigo,
Para que no momento da colheita não
Lancem-nos também no fogo.

 
Celso Custódio
Enviado por Celso Custódio em 06/02/2020
Reeditado em 19/02/2020
Código do texto: T6859585
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.