a viagem termina mais uma vez

olhando para as estrelas
e correndo das multidões
para beijos escondidos
de qualquer brilho.
com sorte teríamos
as músicas nos lembrando
de tudo o que sentimos
antes das lágrimas
desfazerem a maquiagem
e molharem nossas roupas.

deveríamos fugir,
nos encontrar longe
dos tiros de misericórdia
que o fim dos tempos
anuncia.

deveríamos conversar
mais,
nos abrir um ao outro
para tão longe da punição
divina,
até que as chamas
de nossos pecados
acendam a fogueira
de nosso fim.

irei esperar
nas estações de trem
e nos pontos de ônibus,
sozinho ou com
o desespero e a decepção.
órgãos do amor
que fui deixado
para cuidar.

pois eu me apaixono
tão abobadamente
depressa
que nenhum jazz
seria capaz
de me acalmar.
Cleber Junior
Enviado por Cleber Junior em 05/02/2020
Código do texto: T6858849
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