PEQUENA MALDADE
Ela e o mar, combinação perfeita, distância estreita entre mergulhar e se perder,
Entre provar e mais querer, a simples entrega do barco, do corpo ao seu destino,
Navegar vespertino invadindo a noite, atravessando a madrugada, você cansada,
Sonhos que não cabiam em terra firme estão à deriva, fizeram da água, sua casa.
Areia fofa, espelho cristalino, caminhar matutino, quase um vento roçando a cara,
Rara calma que permeia as turbulências de outrora, nova aurora aflora, ela adora
Que tudo ganhe ressignificados, mesclados de percepções, de desafios, calafrios,
Desvarios ensinam felicidade por escolha, porque esta folha não ficará em branco.
Cabelos tão soltos quanto os laços da camada inacessível, irresistível, irreversível
Como os avanços da maré, já não existem limites, tudo se espalha e se acomoda
Com intenso prazer, para que possa viver aquilo que lhe fora negado, desregrado
Como desmandos da natureza, como presa que ao se ver acuada, dá de bandeja.
Risos, o choro do gozo, limiar do amor que perdura e que apura a forma de tocar,
Já não há razão para censura ou muros de contenção, sem qualquer sustentação,
Em meio a tantos perigos, não há melhor sensação, transgressão do anjo rebelde,
Coração na boca, fúria louca, a expressão debochada de quem se deu muito bem.