Entre versos

Acordo com o sol no rosto,

Despertar é-me esperança,

Gratidão por mais um dia.

Fazer o café, seguindo a tradição,

Enquanto ferve a água, liberto oração...

Escondo segredos entre meus versos,

Revisto-me de desejos, de paz e harmonia,

Coloco uma música e escolho boleros...

Brota uma pergunta no meu silêncio;

Por que não saio mais, ando mais, busco mais?

Espero minutos sem fim,

Uma resposta entre meus versos,

Percebo que me vicio nas palavras simples,

Quase não falo de amor...

E se falo, subentendo entre versos,

O espelho cheio do ouvir meu silêncio,

Mostra-me apenas um poeta cansado.

Onde estará a chave que me libertará

Desta prisão de versos?

O canário sumiu, nem adeus deu...

Recolho versos nesta manhã de sol,

Como farelos sobre a mesa deixados.

Passo pelo espelho – não olho.

Escondo minha face,

Apenas uma lágrima teimosa insiste,

Em dizer-me da paciência sentir...

Pois amor é represa cheia,

De vez em quando vaza...

E se deixa fluir entre versos.

Ah! Amor porque me fases prisioneiro,

Se o que mais quero é...

Dar-me por inteiro.

Darioneto
Enviado por Darioneto em 28/01/2020
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