Entre versos
Acordo com o sol no rosto,
Despertar é-me esperança,
Gratidão por mais um dia.
Fazer o café, seguindo a tradição,
Enquanto ferve a água, liberto oração...
Escondo segredos entre meus versos,
Revisto-me de desejos, de paz e harmonia,
Coloco uma música e escolho boleros...
Brota uma pergunta no meu silêncio;
Por que não saio mais, ando mais, busco mais?
Espero minutos sem fim,
Uma resposta entre meus versos,
Percebo que me vicio nas palavras simples,
Quase não falo de amor...
E se falo, subentendo entre versos,
O espelho cheio do ouvir meu silêncio,
Mostra-me apenas um poeta cansado.
Onde estará a chave que me libertará
Desta prisão de versos?
O canário sumiu, nem adeus deu...
Recolho versos nesta manhã de sol,
Como farelos sobre a mesa deixados.
Passo pelo espelho – não olho.
Escondo minha face,
Apenas uma lágrima teimosa insiste,
Em dizer-me da paciência sentir...
Pois amor é represa cheia,
De vez em quando vaza...
E se deixa fluir entre versos.
Ah! Amor porque me fases prisioneiro,
Se o que mais quero é...
Dar-me por inteiro.