LÍRIO DA PAZ
Eu ainda não sei cuidar de flores, sou um homem simples,
Cresci acreditando que todas as manhãs elas estariam lá,
Porque me apeguei, elas se fecharam até o próximo ciclo.
Nem mesmo horas de meditação me fizeram compreender
A ordem das coisas, o tempo certo de dizer e de silenciar,
Aceitar que o mestre não pode esclarecer todos mistérios.
Sozinho, entre delicadezas, gentilezas, orações e súplicas,
Um ser humano aceitando as limitações e buscando apoio,
Olhos que enxergavam por dentro, se viam frágeis também.
Da partilha surgiu a estrada toda esburacada, mas, é nossa,
Feita de bichos queridos, meninos perdidos e luas em festa,
Cores inesperadas, energias descontroladas e, só eu e você.
Falamos de filosofia, riu das profecias e ampliamos o debate,
Em silêncio repassava os ensinamentos, encontrava brechas,
Indefesa frente à verdade indelével: o amor, princípio de tudo.
Enquanto andávamos, nossas almas se fundiram e seguiram,
Acreditando existir uma missão, uma voz por entres espinhos,
Os pés atravessaram brasas, vidros, maldades e viram a paz.