A flor e o campo

À flor morena

De morenos gestos,

Gentis afagos

Declinou o prado.

Cantando a lira

De áureos poetas,

Nos travesseiros

De cetim calado.

Mas o martírio,

Pensamento impuro,

Desafiando teu impune ato

Impingiu-te o amor.

E quem tê ama

Das entranhas mortas,

Na aurora d’ouro

Desprezou-te a flor.

Sabendo o talo

De total descanto

Pendeu-se triste

Ao leito de eterno pranto.

E a rubra face

Delicado encanto,

Da flor maldosa

Entregou ao campo.

Gauto
Enviado por Gauto em 07/11/2005
Reeditado em 07/11/2005
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