DESPRETENSÃO
Sinto o sol bater na janela enquanto o seu contato aquece tudo por dentro,
Com esse jeito meio desbocado, infantil, sempre querendo me fazer sorrir,
Produzir tenros frutos que a amizade gera, qual a mãe, deveras cuidadosa.
Não importa se pela voz, perfume, presença, pelo roçar do cabelo de anjo,
Esbanjo a alegria que vem desse amor, desse abraço que aperta e estala,
Feito pipoca na panela, feito a alma leve que resvala no chão e repica alto.
Seguimos por caminhos separados, mas, que se esbarram com frequência,
Mesmo em dias de indolência, quando o frio deveria frustrar idas ao parque,
Fazemos desembarque na Praça dos Porquinhos, é próximo ao portão seis.
Gosto dessa gente feliz que transita entre jardins, bicicletas, patins e skates,
Que abre a toalha, faz piquenique, adora pegar um instrumento e sair por aí
Empunhando o sax, o violino, violão, um playback, soltando a voz para valer.
Este circuito, que nem imaginava percorrer toda a semana, veio para encher
A vida com as cores que saltam da tela, com o pé que erra, se suja na terra,
Com este beijo despretensioso, que você ainda não sabe se recusa ou pega.