Asas do Amor
Fosse o amor pássaro de corpo leve
que abrigasse coração ainda apaixonado,
seria o impulso do calor a verter-se em afeto,
criando voo na brisa do sol de outono.
Ser alado que, distante da sua identidade,
haveria de ver-se no espelho das águas.
Ver-se-ia como vivente de um sonho
que alimenta, em silêncio,
a toda sua esperança.
Comungaria por um instante
todo o desejo da vida efêmera
com a ânsia de eternidade.
Um desenho, traços leves criando asas
que movimentam-se
harmônicas na atmosfera.
E na essência do ser conseguiria
captar a pureza do oxigênio
que oculta-se na brisa.
E o voo far-se-ia vertical e para cima,
vencendo a gravidade,
fugindo das teias cotidianas.
Por entre os finos lençóis de nuvens,
quem sabe o encontro
com a verdade libertária.
E frente ao imenso que faz-se todo infinito,
um ponto limitado integrando-se ao todo.
E no silêncio celeste encontrar
a musicalidade das melodias
entoadas dentro da alma.
Notas musicais angélicas adornando
com o sagrado os resquícios do que é profano.
E o mundano e o divino integrando-se
por serem filhos de um único criador,
onde o tudo é do Todo.