AMARRAS
Nunca desejei mal a ninguém e não seria agora que o faria,
Sei que já existe alguém, se me visse lá fora, será que viria?
Persigo idéias, você bromélias, camélias, as cores do jardim,
Gosto do ar, do pomar, até de invariavelmente estar contigo,
Faz tempo, um carinho, vinho, o imponderável, inimaginável,
Ficou pelo caminho, no Minho, está lá no quintal de Portugal.
Já estive melhor, estou acometido por lembranças e danças,
Típicas e regionais, do gosto das uvas, conheci o lado frugal.
Uma viagem é realmente uma imersão na cultura, a procura
Às vezes vem acompanhada de surpresas, cravas e presas,
Fica tudo tridimensional, visceral, seria só o último encontro,
Mas, a partir deste ponto, eu não conto com a menor lucidez.
Olhares no saguão miraram direções, as nossas são opostas,
Não há mais perguntas, nem respostas, só fraturas expostas
E vida que segue, só regue se quiser ver florescer, conhecer,
Quem sabe da próxima vez, eu encontre a porta destrancada.