Varizes poéticas
Ouça os passos pela rua, as passagens apressadas,
A incessante marcha por sumir... Em segundos
Tudo passa. Nada fica. Nada que permita presumir
As caminhadas e o destino fatal.
As pipas que hoje voam, no céu, simulam a enseada
Trazem brisa e o som da saudade de um mar
Que entre nós já secou. Não há palavra perpétua
Nem fotografia discreta que conte que houve amor.
A poesia aberta é memória de uma época do coração.
Conta o que ninguém mais fala. Lembra e se abala
Com o triste rumo das nossas falhas.
É tudo que ficou. Nada há a mais, não.