Trilhos de porcelana
A tarde despede-se
Em nublados olhares
Em trilhos de porcelana -
Despe-se dos sons e aromas
E, daquela florzinha amarela,
Lembrança de outro poema...
Ah, a despede-se à tarde,
Mudando a posição do verbo
Agora, mais eloquente
E, a “crase” lembra uma asa
Incompleta e, por isso, não voa -
Aquieta-se.
Nos trilhos de porcelana
Ainda pousam, curiosas, bolhas de sabão,
Enquanto,
A Saudade do gosto, adocicado
Do chá de romã faz-me companhia
Respingam gotas no papel vergê -
Translúcidos pontinhos de magenta
Brincam de aquarela,
O anoitecer inquieto
Oculta, mais e mais,
Os delicados trilhos de porcelana
E, seguindo seu destino o encantado trem
Diminui de tamanho,
Mergulhando em tempo real
Na perspectiva
Que hipnotiza -
Meus cílios acenam...