Poema de Brisa e Vento



O poema às vezes é vento
e estapeia a face.
Outras vezes é suave brisa
que faz carícia no rosto.

Poema não é objetividade,
mas dualidade necessária,
contradição criadora,
ambiguidade que inspira.

Poema não é plena verdade,
mas recriação da realidade.
Precioso bem da imaginação,
porém será sempre sincero.

Poema é mão e letra.
É coração a perturbar,
razão a inquietar-se,
é solidão, não querendo ser só.

Poema é ver além, sentir o etéreo.
Analisar o concreto e transcender.
Ser muito sério, mas saber brincar.
É tristeza e sorriso a digladiar-se.

Poema tudo pode, e nada é.
Poema nada pode, e tudo é.
É inexistência que vem à vida.
É o sublimar das dores cotidianas.

É sagrada verdade,
mas também bendita mentira.
Tem corpo de letras e palavras,
mas só diz algo quando tem alma.

Poema pode nascer no silêncio,
mas será sempre uma voz,
um som musical,um quadro,
uma pintura suave e intensa.

Poema é inexplicável,
e não será poema se tudo esclarecer,
pois que surgiu para provocar algo,
para retirar os poetas das suas solidões.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 31/12/2019
Código do texto: T6831391
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