Poema de Brisa e Vento
O poema às vezes é vento
e estapeia a face.
Outras vezes é suave brisa
que faz carícia no rosto.
Poema não é objetividade,
mas dualidade necessária,
contradição criadora,
ambiguidade que inspira.
Poema não é plena verdade,
mas recriação da realidade.
Precioso bem da imaginação,
porém será sempre sincero.
Poema é mão e letra.
É coração a perturbar,
razão a inquietar-se,
é solidão, não querendo ser só.
Poema é ver além, sentir o etéreo.
Analisar o concreto e transcender.
Ser muito sério, mas saber brincar.
É tristeza e sorriso a digladiar-se.
Poema tudo pode, e nada é.
Poema nada pode, e tudo é.
É inexistência que vem à vida.
É o sublimar das dores cotidianas.
É sagrada verdade,
mas também bendita mentira.
Tem corpo de letras e palavras,
mas só diz algo quando tem alma.
Poema pode nascer no silêncio,
mas será sempre uma voz,
um som musical,um quadro,
uma pintura suave e intensa.
Poema é inexplicável,
e não será poema se tudo esclarecer,
pois que surgiu para provocar algo,
para retirar os poetas das suas solidões.