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Garoto Travesso

Amanheceu. Mais um dia inicia-se.
Outro dia. E assim no dia-a-dia,
na passagem louca e voraz do tempo
o que era manhã (criança) torna-se tarde (jovem),
e antes do cair da noite (adulto) afloram-se sentimentos.

O sorriso travesso dantes inocente
agora é maroto, todo malicioso.
O olhar ingênuo agora é outro – é provocante.
E os pensamentos... estes nada inocentes,
hoje repletos de desejos, de sofreguidão,
de paixões, emoções e também de amores.

Ah... Garoto! Por que me olhas tanto assim?
O que queres de mim? O que posso te dar?
Sinto. Estás a me enamorar.
Suas palavras são como as poesias
recitadas nas noites claras de luar.
Vejo em ti o meu espelho e o meu corpo
refletido na retina do seu olhar.
Este olhar a me querer, a me despir e a me amar.

Travesso és tu. Fico a te observar
e de tanto te fitar esqueço do tempo
quero te afagar, quero te beijar.
Pena! O tempo é outro. Contramão do amor.
Garoto travesso,
encantado por estes olhos experientes
segue o teu passo, vive o teu tempo.

Leva consigo minha admiração e o meu respeito,
deixa comigo a tua jovialidade e a tua impetuosidade.
Vamos nos perder e se o tempo nos fizer encontrar
nem a noite enluarada, nem as chuvas de verão,
tão pouco a formosura da primavera serão mais belas
e terão mais amor que a atração do nosso olhar.

Em, 05 de fevereiro de 2015.

Alvaniza Macedo
30/12/2019