que vá em paz

lavo minhas mãos
como se nelas houvessem sangue
dos sonhos
que nós matamos.
ela sempre foi má, e eu sempre tive medo
de seu oceano.
perdi as contas das vezes que morri
afogado, alcoolizado, assustado,
da sua mente a seu coração,
mas foi a única que sempre esteve
em minhas noites,
quando sonhar era escapar
e escapar eu não mais conseguia.
sábia, igual as árvores que rejuvenescem
as ruas e as calçadas a cada outono.
o cheiro em meus dedos não saem,
não importa o quanto de sabão eu passe.
pudesse lavá-los em seus cabelos,
e me perder no deserto com a única vontade
de beber o líquido de teu corpo;
de me banhar em teu oásis.
vejo a água escorrendo, e em meu reflexo
diante de mim
as olheiras de cada crime que me cometi
me encaram quietas, com as noites
perdidas em silhuetas de amores
confusos com cada história de amor
terminada por um “eu te amo.”

em cima de mim,
em uma noite que
deveria me acalmar,
ouço as três palavras de alguém
que me conhece há duas semanas.

uma risada me escapa,
embora não ache graça.

mesmo assim
continuo acreditando
até encontrar um fim.
Cleber Junior
Enviado por Cleber Junior em 25/12/2019
Código do texto: T6826655
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