ENTARDECER DAS CORES

Acima das casas,

alinhadas entre si,

vemos os parcos raios,

agrupados ao redor do sol,

enquanto a tarde,

alumiada por essas cores,

se entrega ao anoitecer.

Seus telhados vermelhos,

que refletem a comoção,

os olhos embebidos

nessa paisagem real,

mas que dista além,

como algo utópico,

e tão essencialmente belo.

Nada perde no encanto,

que os vidros dos vitraux,

e retidas em sua aspereza,

semelhando as escamas,

dalgum peixe de qualidade,

as cores luminosas,

como um belo par de olhos.

Às vezes esses reflexos,

tão belos que o real,

trazem-nos a proximidade,

que a distante ilustração,

inalcançável a dedos nus,

mas que as retinas apregoam,

retêm as imagens nos olhos próximos.

Esse irreal se desfaz,

à medida que a noite,

dentre as sombras escuras,

avança numa lentidão,

surpreendente, inimaginada,

mas que a prova concreta,

restabelece a amenidade,

solta em plena noite...

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