Ainda que seja dor

Meu braço de nuvem

buscou-te lá no confim.

Meu braço cinza de nuvem

te trouxe bem perto de mim.

Tenho brios da garoa

para umedecer-te a brasa.

Tenho jeito de quem voa

na vã ausência da asa.

Nessa pedra que pulsa,

expulsa a dureza daqui,

garimpo-te tanto a cor,

como a de vermelho rubi.

Para letra, frase.

Para o verbo, amor.

Quase que seja ainda,

ainda que seja dor.

Minha perna de mar

andou cá por suas águas.

Minha perna azul de mar

prescindiu das mágoas todas.

Tenho modo transverso

para dizer-te o que sei.

Tenho trejeito inverso

no reverso de um rei.

Nessa rocha que sofre

da valentia das ondas.

Declamo-te essa estrofe

vagueando em minhas rondas.

Para letra, frase.

Para o verbo, amor.

Quase que seja ainda,

ainda que seja dor.

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Nota: Esta obra foi originalmente escrita em 2006 e faz parte de um conjunto de textos resgatados e revisados, concebidos em outras épocas.

Felix Ventura
Enviado por Felix Ventura em 23/12/2019
Código do texto: T6824981
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