FLOR DE CARNE
És a flor de carne,
Como uma alma transparente,
E com os teus olhos de vento,
Andas nas asas da vida
A procura do infinito.
E dentro do teu coração de cristal,
Suspiras pelo teu corpo de papel,
Com os teus cabelos de carvão,
Sonhas com árvores de cimento
E vês as fontes chorar
E observas as ervas a crescer.
No entanto as tuas mãos de cera
São como pinceis de vdro,
E até te parecem as hastes das árvores,
Mas tu sabes companheira
Dentro dos livros
Há tesouros meus!
Por isso, olha pra ti mesma,
Na escada está a chorar
A janela do meu quarto.
LUÍS COSTA