E depois de tudo, e apesar de tudo, algumas palavras ainda nos revolvem por dentro. Porque delas irrompe a ardente nudez, a ação excruciante de desejo, cravada às raízes do sangue
— estrangulando os pulmões como um esparto de espinhos.


Palavras que trincam a porcelana do rosto, multiplicam as tensões, os choques, a tornar o poema obscuro.
— O que subverte, pernoita o espírito e medra como flagelos de têmpora a têmpora.


Então enquanto inutilmente se procura a palavra que caiba um peito inteiro dentro, sem uma única gota de sal, Deus dorme profundamente por nos ver fugir da dor selvagem, do lábio mordido,
 dos incêndios por trás das noites que cortam ao meio a nossa morte !







 
DENISE MATOS
Enviado por DENISE MATOS em 17/12/2019
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