Morada em mim
Tu chegastes, suave feito pluma,
Tão respeitosamente solicitastes licença,
E assim, adentrou na terra de meu coração.
Veja que tamanha gentileza!
Nada se compara em tais redondezas,
A condição especialíssima
Que o senhor causastes em meu ser.
Oh, tão distinto, senhor!
Peço-lhe, que demores e jamais parta,
Imprimistes com tua chegada,
Duradouras esperanças.
Logo tu, aceitastes desvendar mistérios,
E, até sujeitastes a navegar oceanos profundos.
Quem és tu, caro senhor?
Que tens posse de olhar penetrante?
Olhar que convida,
Essa senhorita a caminhar longínquos caminhos.
Vejas tu, admirastes minha morada e se preserva
Com calma nesses jardins, silenciosamente caminhas.
No princípio, olhastes as flores,
Jamais ousou tocá-las,
Concentrastes em contemplá-las.
Tão discreto senhor,
Certo dia fitou o céu e rogou a Deus,
Que fosse derramado chuva suave,
Regando as delicadas florzinhas,
Assim, milhares gotinhas espalharam,
Irradiando a vida.
Quão singela vivacidade arrebatastes,
Em um jardim desfalecido e desmemoriado
Tu paraste e sem pressa resgatou-o,
Enchendo de vida e cores o meu vazio.
As flores espalharam forte perfume,
Feito dança nos ares,
Envolveu o que encontrou pela frente.
Aconchegou minha alma
Transbordou-a em pura alegria
Inundou meus olhos de paz,
Irradiando meu riso.
Veja, senhor, não sou capaz de explicar,
Tua indescritível presença, em mim fizestes
Morada, abrigo como o envolto céu ficastes.
Recobrou com doçura, singelos afetos
Declarou as mais belas expressões
E sim, escolheu em mim, morar.