Peça de um amor maior - parte dois

Hoje em dia lágrimas são um chuveiro

O ritmo compassado antes existente

Cedeu, caiu e arruinou

Dentro do abismo da minha mente

Cheguei a conclusão que pessoas doem

A existência dói e faz remoer

Preciso de algo mais dolorido do que os outros

Eu vejo você. Você consegue me ver?

Eu costumava saber seu nome e seus gostos

Mas quando mudaram os móveis de lugar

Perdi a referência

Não sabia mais contar

A água é muito fria aí embaixo?

Uma nascente quente para uma corredeira gelada

Foi quando escrevi seu nome no lago

Com as vistas embaçadas

Com os braços para cima você exaltava

O sol nascente e o poente

Ansiedade cobrindo o rosto

Eu não sabia que estava doente

Nós perdemos a cabeça no último encontro

Camiseta azul contrastando com o céu rosa

Um yin yin perfeito

Naquela tarde prazerosa

Minha mente é como a areia da praia

Apagada a cada segundo

Pela maré da vida

Sem apreço pelo mundo

Passamos a semana toda levitando

Na esperança de que os tempos melhorem

Sem prestar atenção em nada

Mentindo até que nos ignorem

É como se tivesse subido na montanha russa

E no ápice ela tivesse parado

O tempo congelou e ali ficou

Mas ainda não tinha acabado

Peças de um amor maior

Formando as etapas da minha história

Colando todos os pedaços

De maneira tão contraditória

Ato um

A cortina vai se abrir

Frente a frente com a persona

A máscara feliz começa a sorrir

Ato dois

A cortina se fechou

Longe da persona

Logo, o fogo se apagou

Ato três

A máscara feliz investe

Uma salva de palmas interna

E a cena se repete

Peças de um amor maior

Desenhando seu futuro

Água escorrendo pelos caminhos

Que foram formados com muito orgulho

Ato quatro

Há um mistério a ser desvendado

Sacrifício de sangue a vista

Altares para o descuidado

Ato cinco

Platéia veio conferir

Suas máscaras de tom branco

É melhor voltar a sorrir

Ato seis

Enigma barato comprado nas ruas

São como suas palavras

Nuas e cruas

Peças de um amor maior

Brindando a solidão que nos rega

Comendo as sobras do que te resta

Oferecendo restos mortais a quem agrega

Se distanciando com cautela

Olho no olho fixamente

Quem piscar primeiro perde

Nesse teu jogo doente